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Oceano-mar

Erica Gomes

Em maio de 2021, fomos submersos pelo oceano-mar, novo álbum da banda OCENPSIEA. Em pouco mais de 30 minutos conseguiram refletir concisamente um ajuntar de ideias, capacidades e melodias, fruto do trabalho aperfeiçoado ao longo de 3 anos. Gonçalo Cravinho Lopes (baixo e contrabaixo), Francisco Carneiro (sintetizadores e produção musical), Tomás Alvarenga (teclados e sintetizadores) e João Nuno Vilaça (bateria acústica e eletrónica), 4 jovens de Braga, levam-nos por uma viagem inigualável, dando-nos novamente a conhecer a autenticidade do seu estilo. Através de misturas de jazz e eletrónica juntamente com referências ao hip-hop e trip-hop, conseguiram refrescar o paradigma musical contemporâneo e com isso abrir novas portas ao espetro lusitano e mundial.

Através de uma inegável exploração de sonoridades muito características do século 21, em que há uma fusão entre inspirações jovens e retro, trazem-nos músicas experimentais e urbanas repletas de um humor próprio da banda sempre conciliado com uma notável maturidade musical. Conta com participações de diversos artistas, tal como, David Bruno, PZ, Gileno Santana e José Pedro Coelho, entre outros, que impulsionaram o álbum para um novo nível. Contrastando com os 2 álbuns anteriores, contempla-se um novo papel da voz, utilizando de vozes corais a solistas, nunca se fixam em apenas um artista. Com uma constante batida enérgica, o álbum transporta-nos ao longo de uma viagem, em que há um crescente de emoções e intensidades até à reta final. Para além de tributos a Mac Miller e Thundercat, conta ainda com momentos mais pausados, assemelhando-se às imprevisíveis correntes e marés do mar.

A genuinidade em conjunto com uma transcendência própria do álbum torna obrigatória a sua audição. Sem um estilo definido, contudo muito particular, OCENPSIEA leva-nos automaticamente para a crista da onda, demonstrando, mais uma vez, que há música de qualidade a ser realizada em Portugal. São artistas como estes que nos fazem refletir se não estaremos nós a subestimar o potencial cultural lusitano. E como será que podemos contribuir para elevar a sua valorização, levando-a para um novo patamar?

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