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Rock Progressivo

Mariana Barroso

Harmonização artística entre jazz fusion e música clássica que viria revolucionar o final dos anos 60

Pouco era dotada de maturidade musical e capacidade de interpretação intelectual quando diversos universos melódicos faziam parte do meu dia a dia. Desde artistas e compositores como Eric Clapton, David Bowie, Chet Baker e Frédéric Chopin, a bandas icónicas como The Doors, ACDC e Led Zeppelin, cresci sempre de mão dada com estilos como jazz, rock psicodélico e até mesmo música clássica.

Numa idade que me permitia já apreciar e refletir acerca de um conjunto de sons que, harmoniosamente ou não, chegariam até mim, lembro-me de uma remota reação consciente a ouvir “I Talk To The Wind”. Desde a mistura rica de instrumentos a sonoridades inexploradas, os rearranjos próprios que não conseguia identificar ou igualar com outras melodias que conhecia, tive assim despertada a minha curiosidade do que seria o Rock Progressivo.

Sempre vi o termo Progressivo como um experimento músical, um desdobramento do rock que veio a consolidar ao longo dos finais dos anos 60. Com influências da música clássica e jazz fusion, este estilo completamente autoral veio para abalar uma estética cultural que se vivia na época. Investi o meu tempo em bandas como Emerson, Lake & Palmer, King Crimson, Yes, Rush, bem como explorei toda a discografia de Pink Floyd. Todas estas bandas, ao longo do seu trabalho, conseguiram acolher várias influências externas, seja na escolha dos seus instrumentos exóticos, à forma como estes entrava em sintonia. O Rock Progressivo era muito mais do que apenas uma tentativa de aliar a arte à música, pois não nos prendia a um ritmo só, levando-nos a alucinar ao longo de várias gerações precedentes.

Contudo, a procura ousada por uma sonoridade singular que transcendesse a sua autoria e fosse além dos seus limites, trouxe altos e baixos na história deste estilo musical. Isto porque, criar algo idêntico e pessoal, mas que pudesse ter progressão ao longo do tempo, misturando conceitos e narrativas e, desta forma, gerando álbuns complexos, era um verdadeiro desafio. Assim, nasceram álbuns como “The Wall” e “The Dark Side Of The Moon” que, por contarem uma história, foram muito mais impactantes analisados na íntegra, pelo conjunto das suas canções, e não apenas pela individualidade de cada uma.

O Rock Progressivo continua até à atualidade, juntamente com grupos de Neo-Progressive e alguns artistas e bandas dos anos 70. Embora a interpretação e emoções transmitidas pelo trabalho dos mesmos seja sobretudo pessoal, certas músicas e álbuns ficaram estagnados na minha memória como um misto de nostalgia. Ouvir “Shine On Your Crazy Diamond” vai ser sempre recordar os jantares antigos de família, um gira discos, agora velho e partido, a funcionar enquanto eu não dava o devido valor ao que tocava, mas que mais tarde a música iria ficar para sempre comigo.

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