Pedro Gonçalves
Gosto de me colher,
como se de um tubérculo me tratasse.
Daqueles que crescem
em picos rochosos
e atiram raízes às nuvens,
para que a chuva
caia sobre mim
e eu possa engordar
até a cordilheira não me suportar
e eu for maior que a serra,
que une o céu à terra
e a terra ao mar.
Por transformações e crescimentos
inteiramente descabidos,
sobrando espaço para a loucura,
para aquilo que não se prende,
um tubérculo que agiganta e se expande.